Brasil: Terra & Gente: Museu de Arte de São Paulo, MASP

25 Novembro - 19 Dezembro 1976
O interesse do Museu numa exposição de Sepp Baendereck vem de longe, desde mesmo quando José Geraldo Vieira dedicara-lhe uma plaquete reveladora de sua pintura, articulada na elaboração de signos escrituras em que abstração e cabalística se misturavam para indicar, se não o mistério, pelo menos problemas iniciadores. Eram os anos em que o raspar-se do figurativo tornara-se convenção; e Sepp pertencia ao grupo. 
O gosto, porém, apresenta suas oscilacões e comanda as mudanças: quando as experiências dedicadas ao incônscio à cata do evanescente se concluíram, aquele símbolo do homem, que Leonardo inscreveu num círculo, reapareceu para sugerir uma presença da qual se foge mas à qual se volta o homem.
Disse-me, certa vez, Kandinsky que o abstracionismo e o realismo são duas tendências paralelas que, no infinito, acabam se encontrando. Penso nisto observando as pinturas da última fase do poliédrico Sepp: realismo, sem possibilidade de prefixá-lo com um hiper, pois trata-se de um modo ainda não etiquetado pela crítica e, todavia, ao qual estamos acostumados pela tradição da comunicação ilustrativa. 
Sepp está agora interessado não nas aparências do vero mas no vero, sem subentendidos e sem juntas sentimentais ou acepções alternativas, na transposição do real para a imagem dos brasileiros e das terras por eles encontradas o pintor pensa prosaicamente, sem lirismo, pintando a realidade. Estou certo de que a freguesia do Museu, à qual continuamos a ofertar o arco das tendências, irá apreciar esta manifestação filiada a um artista cujas obras já apresentamos, Andy Warholl, e que está na maior evidência nos Estados Unidos. 
PM . BARDI