O Brasil tinha borboletas lindas e grandes, a natureza se bastava por si mesma, não precisava da inteligência dos homens para se perpetuar. Milênios se passaram na indolência ensolarada, banhados por opulentas chuvas, ao longo de uma imensa praia de 7.000km de extensão, banhada por um oceano apaixonado e terno.
Há 400 anos, este oceano trouxe portugueses, holandeses e franceses que ficaram maravilhados com a riqueza e a beleza maravilhosa desta terra. Nenhuma cultura era necessária, ninguém precisava trabalhar. Os indígenas eram aristocratas, gozadores da paz e do amor, agora não iam trabalhar para os “gringos”. Então foi preciso trazer gente da África. Os colonizadores, como em outras partes do mundo, impuseram um novo sistema e destruíram a ordem natural das coisas, com essa "mania" de derrubar florestas, cavar a terra em busca de ouro e diamantes, plantar cana de açúcar e café.
Isso durou 400 anos. Agora o sistema não está mais funcionando. Precisamos de tecnologia e arte para impulsionar nosso povo. Em 1947, uma comissão chefiada pelo meu amigo Dr. Edgar de Almeida foi à Europa procurar imigrantes aptos a trabalhar nas mais diversas áreas artísticas, eu fui um deles. Eu também fiquei maravilhado com a beleza, a riqueza desta terra. Este país tem um incrível poder de assimilação, uma produtividade insana. “Quando você planta, tudo cresce”, enfiei minha enchada, plantei minha arte, colhi os frutos e... voilà.
Gostaria de me juntar ao que outros amigos estão fazendo, Boese, Vlavianos, Tomoshige, Wesley, Krajcberg, Maria Bonomi, Antonio Dias, para sacudir o gigante que acorda e para ver o que dá.
Eu tenho um compromisso com o Brasil.
SEPP, Ilhabela, fevereiro de 1975