Depois da floresta carbonizada, Sepp parou. Não me mostrou nada. Era preciso parar, pensar, refletir. Parou! Mas o tempo em que a mão não desenhou, não pintou, traços, imagens, formas, cores, permaneceram latentes à espera do momento certo. Da hora em que tomariam de assalto papéis, telas. Quando isso Aconteceu, não foi o carvão, o lápis, o grafite que Sepp procurou. Não! Com fome, com gula de pintar, atirou-se sobre as tintas com sofreguidão.
A palheta coberta de tinta transformou-se no grande banquete. Nas telas, vermelhos, amarelos, azuis, verdes explodiram como milhares de sóis.
Alegres, vivas, brilhantes, sonoras estas cores compuseram ritmos, harmonias, melodias, contrapontos. São cores que falam de flores. Flores que falam de cores. Quentes, frias, explosões de vida. Em cada pétala, em cada corola, o grande rio, a floresta, o mar, a cidade. É o passado. É o presente. Um conjunto de memórias. É o aqui, o agora.
Carlos Von Schmidt