Imagens da Amazônia: Galeria de Arte São Paulo

14 Dezembro 1981 - 10 Janeiro 1982
"Contemplo o espetáculo da vida e morte numa lagoa seca, quando a vitória-régia dá flor. Nascimento e morte acontecem no mesmo instante. O pôr-do-sol simboliza bem este drama..."

Eu tenho guardado desde a minha infância uma grande sensibilidade pelos rios. Só conheci o mar mais tarde, e ele se tornou para mim uma transição afetiva para a Amazônia.
A água é o mistério, e a floresta é sua continuação: o mistério da vida e da morte.
Mistério fundamental, perceptível em sua máxima potência da Amazônia. O correr contínuo das águas do rio, as alternantes subidas nas chuvas e descidas nas secas correspondem, na unidade destes fluxos, ao ciclo biológico da selva, último reduto da natureza integral.
Este mistério percebo como algo muito dramático, trágico. Contemplo o espetáculo da vida e morte numa lagoa seca, quando a vitória-régia dá flor. Nascimento e morte acontecem no mesmo instante. O pôr-do-sol simboliza bem este drama, que Restany chama de "choque amazônico".
O dia cai dentro da noite, o consciente se apaga dentro do inconsciente, entramos no mundo do escuro, do sonho, do irreal.
Amazônia, o grande mito do Brasil! Não há espetáculo mais lindo que o pôr-do-sol na Amazônia, como não há maior tristeza do que imagens da natureza destruída.
Amazônia depois do pôr-do-sol virá a ser um deserto, como pintei aqui nestas telas, em paisagens captadas nas margens da
transamazônica.

Sepp